As inovações tecnológicas têm desempenhado um papel fundamental na evolução dos procedimentos cirúrgicos. No campo da urologia, em particular, destacam-se técnicas minimamente invasivas que oferecem resultados promissores, como é o caso da HoLEP e da ThuLEP. LEP vem do inglês, Laser Enucleation of the Prostate, ou seja enucleação prostática a laser. Pode ser realizada com laser de Holmium (HoLEP) ou laser de Thulium (ThuLEP).
Dr Felipe Eduardo Costa Vidigal tem formação extensa com proficiência técnica em realizar cirurgias endoscópicas (Enucleação de próstata, ressecção transuretral de próstata) e adenomectomia (retirada do tecido prostático hiperplásico por via convencional, laparoscópica ou cirurgia robótica).
A seguir, vocês vão conferir as principais informações sobre esses sistemas e entender por que os métodos são tão eficazes.
Compreendendo HoLEP e ThuLEP
HoLEP é a abreviação de Holmium Laser Enucleation of the Prostate, expressão que pode ser traduzida para o português como Enucleação Prostática com Holmium Laser. Mas o que isso significa?
Feito pelo canal da uretra, o HoLEP é um procedimento que usa uma fibra laser, que é inserida pela uretra e vai até a próstata. Esta tecnologia tem alta capacidade de retirar o tecido com sangramento mínimo, podendo ser usada até mesmo em pacientes que usam anticoagulante.
Com o auxílio de uma pequena câmera, que é introduzida pela uretra, o laser é capaz de retirar (fazer a enucleação) com mínimo sangramento o adenoma – que é a parte da próstata que causa obstrução – em um processo de enucleação, ou seja, de remoção, do tecido prostático aumentado. Como retira totalmente o tecido prostático hiperplásico, diferente da ressecção transuretral da próstata (RTU de próstata ou popularmente a raspagem da próstata), a enucleação pode ser considerada um procedimento de cura, onde dificilmente o paciente voltará a ter problemas devido a hiperplasia da próstata.
Tanto o HoLEP quanto o ThuLEP são realizados de forma minimamente invasiva, pela uretra, o que significa que não é necessário realizar incisões no corpo do paciente. Isso reduz consideravelmente o tempo de recuperação e os riscos associados à cirurgia tradicional. Geralmente os pacientes ficam no hospital por 1 dia, e recebem alta hospitalar já sem sonda vesical. Nos demais procedimento cirúrgicos como na Ressecção Transuretral da próstata (RTU), ou adenomectomia cirúrgica os pacientes ficam internados por 2 dias, e ficam de sonda vesical por 2 a 5 dias.
A principal diferença entre eles está no tipo de laser utilizado durante o procedimento. O ThuLEP é o Thulium Laser Enucleation feito com o aparelho Fiber Dust, ou Thulium Fiber Laser (TFL), material de alta tecnologia que tem garantido a saúde de muitos pacientes.
Por permitirem a aspiração total dos fragmentos, o HoLEP e o ThuLEP são muito eficazes no tratamento da Hiperplasia Prostática Benigna (HPB). Após a enucleação do adenoma (tecido prostático hiperplásico), o tecido cai dentro da bexiga, e através de um morcelador que também é introduzido pela uretra, o tecido prostático é triturado e aspirado, sendo encaminhado para avaliação histopatológica.
A Hiperplasia Prostática Benigna é uma condição comum em homens acima de 50 anos, caracterizada pela “próstata aumentada”. Todo homem tem o crescimento da próstata com o passar dos anos, sendo que 80% dos homens aos 80 anos terão hiperplasia de próstata. Os sintomas incluem dificuldade em urinar, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, necessidade de acordar várias vezes à noite para urinar, urgência miccional, incontinência urinária e frequência urinária maior do que a considerada normal para o paciente.
Embora não seja uma condição maligna, a Hiperplasia Prostática Benigna pode trazer algumas complicações, como infecções ou até mesmo insuficiência renal, caso não seja tratada adequadamente. Por isso, é importante procurar um médico assim que surgirem os primeiros sintomas.
Detalhes dos procedimentos
Cada método tem suas próprias características e potenciais limitações. Enquanto o HoLEP utiliza um laser de holmium para fazer a enucleação, por exemplo, o ThuLEP emprega um laser de thulium, e a escolha entre os dois pode depender das preferências do cirurgião, do paciente e da disponibilidade de equipamentos. Para a indicação precisa da técnica a ser usada, o cirurgião juntamente com o paciente deve levar em consideração características próprias de cada paciente, como tamanho da próstata, comorbidades do paciente e expectativas sobre o procedimento.
Mesmo com algumas diferenciações, o HoLEP e o ThuLEP possuem aspectos em comum, como mostraremos agora:
![HoLEP ThuLEP próstata enucleação](https://drfelipevidigalurologia.com.br/wp-content/webp-express/webp-images/uploads/2024/07/LEP-761x1024.jpg.webp)
Quando as técnicas podem ser utilizadas
Os tratamentos de enucleação da próstata, HoLEP e ThuLEP, geralmente, são indicados para pacientes com Hiperplasia Prostática Benigna sintomática que não tiveram seus sintomas urinários aliviados após o tratamento com medicamentos. São os paciente que tiveram falha no tratamento clínico com medicação ou aqueles que não desejam tomar medicação ou apresentam contraindicações aos medicamentos para hiperplasia de próstata.
A escolha pelo tipo de procedimento (enucleação ou adenomectomia), que será realizado é feita após uma avaliação detalhada do urologista. Somente depois de considerar a gravidade dos sintomas, a saúde geral do paciente e o tamanho da próstata é que há a indicação da utilização das técnicas disponíveis.
Dependendo das preferências individuais do paciente, os dois mecanismos também podem ser realizados quando há indicação direta de tratamento cirúrgico.
No caso das próstatas maiores, as chances de reincidência do problema são mínimas após a intervenção com HoLEP e ThuLEP. Durante a enucleação da próstata é retirado todo o tecido hiperplásico e as chances de recidiva da doença são mínimas a longo prazo.
Recuperação e riscos
No HoLEP e no ThuLEP, o paciente é submetido a anestesia geral ou regional. Após a cirurgia, é comum que ele permaneça com uma sonda urinária por cerca de 24 horas para drenagem da urina e recuperação da anestesia.
A maioria dos homens que se submetem ao processo recebem alta hospitalar no dia seguinte à cirurgia, já sem a sonda, e podem retomar suas atividades diárias gradualmente – porém, é importante evitar esforços excessivos. Atividades cotidianas podem ser realizadas normalmente.
É comum, na primeira semana, ocorrer leve ardência e a sensação de urgência para urinar, mas os sintomas cessam espontaneamente ou com uso de analgésicos simples prescritos pelo médico. Alguns pequenos coágulos podem ser eliminados na urina, sem que configure um problema.
Ainda em relação à recuperação, é fundamental que o paciente aumente a ingestão de líquidos no processo pós cirúrgico. Caso observe alguma alteração, deve comunicar ao seu médico.
Embora os mecanismos de enucleação da próstata, HoLEP e ThuLEP, sejam considerados seguros e eficazes, como qualquer intervenção cirúrgica, eles apresentam alguns riscos e complicações potenciais.
Eles podem incluir lesões do tecido, infecções, sangramentos e, em situações raras, incontinência urinária.
No entanto, devido à natureza minimamente invasiva do HoLEP e do ThuLEP, o risco de complicações graves é geralmente baixo.
As vantagens dos mecanismos
Ambos os procedimentos de enucleação da próstata, oferecem vantagens significativas em relação às técnicas cirúrgicas tradicionais.
Por exemplo, eles permitem a remoção completa do tecido prostático obstrutivo, independentemente do tamanho da próstata, resultando em uma melhora significativa nos sintomas urinários. As chances de recidiva da doença a longo prazo são mínimas.
Além de garantir taxas altas de eficácia, a intervenção, que é feita sem a necessidade de incisão abdominal, reduz as chances de complicações, como sangramentos e transfusões, e diminui o tempo de internação hospitalar. A grande maioria dos pacientes já recebem alta no 1º dia de pós operatório.
Outro benefício é a possibilidade de tratamento simultâneo para outros problemas, como cálculos na bexiga e múltiplas comorbidades. O mesmo laser que é usado para enucleação da próstata tem alta eficácia em quebrar pedras urinárias (cálculos urinários), sendo possível tratar no mesmo tempo cirúrgico os cálculos de bexiga. Os métodos podem ser aplicados, inclusive, em pacientes que fazem uso de antiagregantes plaquetários e anticoagulantes, devido a capacidade de fazer coagulação dos tecidos com grande eficácia.
Em resumo, podemos concluir que o uso de HoLEP e ThuLEP para enucleação da próstata, como ferramentas na área da urologia representa avanços significativos no tratamento da Hiperplasia Prostática Benigna, oferecendo aos pacientes opções cirúrgicas menos invasivas e uma recuperação mais rápida e segura.
Ao escolher entre essas técnicas, é essencial que os pacientes consultem um médico para determinar a melhor abordagem com base em sua condição específica e necessidades individuais.
Para saber mais sobre os procedimentos de enucleação prostática, HoLEP e ThuLEP ou tirar dúvidas sobre outras técnicas,
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